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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O RETORNO DOS EXTINTOS JOGOS DO PAGANISMO- III PARTE - O FUTEBOL

     Derivado do inglês "football", "foot-ball".
     Datado do ano 1423/1424(século XV) e já significava naquele tempo 'jogo de bola praticado com os pes'.
     O futebol é um esporte em que duas equipes lutam pela posse de uma mesma bola com o objetivo de conduzi-la, através de um campo retangular, até a meta adversária.
     Há, desde a segunda metade do século retrasado(século XIX), dois tipos principais de futebol. O primeiro e o 'rugby', assim chamado porque foi criado na Rugby School, Inglaterra, com suas variantes; a principal das quais é o futebol praticado nos EUA, pelo nome 'Soccer'; e na Itália pelo nome de Cálcio. A diferença fundamental entre os dois tipos  está em que, no rugby, para conduzir a bola até a meta adversária e, com isso marcar gols, e permitido o uso das mãos, podendo os jogadores carregarem a bola por toda a extensão do campo. No futebol propriamente dito, a condução deve ser feita com os pés, a cabeça ou outra parte do corpo que não sejam as mãos, cujo uso é restrito a um único jogador, o goleiro, assim mesmo dentro de determinados limites do campo.
     Durante toda a Idade Média e por muitos séculos depois, realizou-se na cidade de Ashbourne, Inglaterra, um jogo de bola que pode ser considerado o mais importante precursor do futebol moderno. Tal jogo era disputado anualmente, nas 'Shove Tuesdays'(espécies de terças-feiras gordas), entre os habitantes da cidade: um número ilimitado de participantes, às vezes de 400 a 500 de cada lado, corriam atrás de uma bola de couro fabricada pelo sapateiro local, com o objetivo de alcançá-la, dominá-la e finalmente levá-la até a meta adversária, no caso as portas norte e sul da cidade, uma para cada equipe. As regras do jogo não se conhecem bem, sabendo-se, apenas, que os participantes, para dominarem ou conduzirem a bola, podiam usar tanto os pés como as mãos.
     As origens do jogo de Ashbourne- Mais tarde praticado em vários pontos do condado de Derbyshire, também são discutidas. T.B.Trousdale, um cronista da época, afirma que se tratava de uma comemoração anual da vitória dos bretões(bárbaros germanos, do ano 57 a.C.) sobre os romanos, numa partida de harpastum efetuada no ano 217 d.C. Essa bola era de couro, com enchimento de areia. Já Edward Bradley, outro cronista de Derbyshire, supõe ter o jogo nascido de uma das muitas lendas surgidas durante ou depois das batalhas entre os habitantes saxões e os invasores dinamarqueses, já no inicio do século XX. A primeira dessas partidas teria sido disputada pelos homens de Ashbourne ou de Derby, utilizando como bola o crânio de um oficial dinamarquês morto em combate. Em qualquer das duas hipóteses, não há duvida quanto ao fato de que o futebol conhecido em Derbyshire, durante a Idade Média, era um jogo primitivo, violento, semi-bárbaro e, por isso, mal visto. O futebol de então constituia-se pratica condenável. E não apenas em Derby, nas em outras cidades da região central da Inglaterra.
     Os jogos despertam o espirito de rivalidade, levando o indivíduo ou a equipe, a todo custo, ganhar a competição , investindo todos os esforços neste sentido. O principio que rege a rivalidade é o sentimento de superioridade. O indivíduo, alem da tendência de "fazer  como o outro", passa a ter o desejo de "fazer melhor do que o outro". Quando ocorre a derrota, vem a frustração e muitas das vezes, desperta-se o sentimento de ira e descontentamento, produzindo o desejo de descontar em outras pessoas ou gerando atos de vandalismo do patrimônio publico.
     Desde o retorno dos jogos são relatados atos de violência e covardia através dos seculos:
     I) No ano 420 a.C., Esparta foi acusada de violar a trégua sagrada (entrando com armas em Olímpia), levando os eleatas a unirem-se com os atenienses e expulsando os atletas espartanos dos jogos olímpicos. Em  416 a.C., Esparta ameaçou invadir Olímpia e os jogos foram realizados, graças a escolta  de tropas miltares. Em represália, os espartanos invadiram o Estado da Elida e lhe tomaram metade do território..Restou para os eleatas só a cidade de Olimpia, obrigando-os a viverem sob a submissão de Esparta. Com a batalha de Leuctra, em 371 a.C., em que o tebanos venceram os espartanos, o Estado da Elida, onde fica Olímpia, foi devolvido aos eleatas.
     II) Antes deste acontecimento, no ano 668 a.C., na 28 olimpíada, Fidos(rei de Argos) junto com o rei de Pisa, expulsaram os eleatas do controle dos jogos olímpicos. Em 558 a.C., os espartanos vieram ao socorro dos eleatas e batalharam contra Argos e Pisa, derrotando-os e devolvendo aos eleatas o controle das olimpíadas.
     III) Na China antiga, por volta do ano 3000 a.C., os militares chineses praticavam um jogo que na verdade era um treino militar. Após as guerras, formavam equipes para chutar a cabeça dos soldados inimigos. Com o tempo, as cabeças dos inimigos foram sendo substituídas por bolas de couro revestidas com cabelo. Formavam-se duas equipes com 8 jogadores e o objetivo era passar a bola de pé em pé sem deixar cair no chão, levando-a para dentro de duas estacas fincadas no campo. Estas estacas eram ligadas por um fio de cera.
    IV) Os jogos de bolas Olmecas(1400 a.C.) e Astecas eram extremamentes violentos. Ocorriam frequentemente ferimentos graves nos participantes, ocasianado quer pela bola densa e pesada, quer seja por outros jogadores, ocorrendo mortes nestas partidas. As chagas sofridas durante o jogo eram tão graves, que usavam lancetas para retirar o sangue acumulado. Os perdedores eram decapitados e seus crânios usados como uma nova bola.
     V) Na Indochina(Camboja, Vietnã), a cabeça de um búfalo sacrificado servia de bola e era lançada por cima dos corpos de chefes de tribos mortos e de escravos sacrificados. O sangue da cabeça do búfalo em vôo respingava em cima da multidão torcedora. "Assim  também nasce o sol: uma bola vermelha como sangue, com a qual jogam os deuses e que lançam por cima da lua assassinada no firmamento estrelado".
     VI) David Levingstone(1813-1873), Pastor missionário escocês da Igreja Presbiteriana, que muito contribuiu para a colonização da Africa Central, em uma de suas viagens expedicionárias, deparou-se com um grupo de carregadores indígenas agredindo repentinamente uma vitima inocente, matando-a e decepando a sua cabeça em ato ritual. Com esta cabeça, os africanos jogaram depravadamente futebol durante várias horas.
     William Fitzstephen(?-1190), monge e amigo de Thomas Becket, cujo assassinato teria testemunhado, escreveu um livro sobre a vida de Londres(1175). A expressão 'ludus Pilae', como já se encontra nos escritos de Nêmio(gaulês do século VIII), que era empregado pelos ingleses para definir qualquer tipo de jogo da época. Fitzstephen se utiliza dela para falar de um divertimento aparentemente inofensivo, praticado por jovens londrinos. Apesar de todos os relatos de Fitzstephen, testemunhando um futebol sem violência, são episódios marcados por acidentes fatais, que vão caractierizar o esporte conhecido pelos ingleses na Idade Média. No ano de 1280, em Ulgham, Northunberland, o jovem Henry Ellington, durante um jogo de bola, correu na direção de um adversário, David Lekeu, que tinha um canivete no bolso. Ao se chocarem, Henry saiu gravemente ferido, morrendo dias depois. Em 1322, um certo William of Spalding, seminarista católico de Norfolk, também matou acidentalmente uma amigo, ao jogar futebol com um canivete no bolso. Em 1303, um grupo de estudantes irlandeses atacou um aluno de Oxford, Adam of Salisbury, que jogava bola perto de casa. Em 1321, o mais  sinistro de todos os registros: dois rapazes mataram um terceiro, em Cheshire. Como que revivendo a tradição de Derbyshire, segundo o qual o povo da cidade teria chutado o crânio do oficial dinamarquês, os dois assassinos também jogaram futebol com a cabeça da vitima.
     Devido a essas ocorrências trágicas, desde que elas se registraram, o'ludus pilae' começou a sofrer ataques de pelo menos três(3) direções: do rei, da igreja e da municipalidade. A 13 de abril de 1314, os cidadãos de Londres já liam o edito real que determinava: "Sendo tanto o barulho na cidade em decorrência das disputas por enormes bolas...das quais muitos males podem advir sem a aprovação de Deus, determinamos e proibimos em nome do rei, sob  a pena de prisão, tal jogo de bola na cidade".

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