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sábado, 10 de agosto de 2013

BABILÔNIA: SINÔNIMO DO PECADO E MUNDANISMO. II PARTE.

     O rei babilônico Nabucodonosor era o segundo monarca do recém-ascendente Estado Neo-Babilônico ou caldeu. Ele gastou grande parte do seu reinado brigando com o Egito em uma luta incansável pelo controle do Oriente Médio. A medida que sua capacidade para enfrentar o Egito oscilava, os Estados que tinham passado diretamente do controle assírio para o de Babilônia, esperavam recuperar sua independência. A esperança foi estimulada de modo particular, pela tentativa de Nabucodonosor invadir a terra do Nilo, em 601 a.C., tendo o seu objetivo fracassado, encorajando a rebelião dos Estados vassalos relutantes, incluindo o reino de Judá.
     Embora o monarca babilônico não pudesse  derrotar o Egito, certamente possuía força armada suficiente às suas ordens para destruir um Estado vassalo insignificante, como Judá, ensinando-o uma lição ou o rei de Babilônia perderia o controle da Palestina: faixa de terra vital que leva ao território egipcio. Então em 597 a.C., Nabucodonosor conduziu pessoalmente um imenso exército contra o rebelde rei Joaquim, que contava que o Egito derrotasse Babilônia de forma tão decisiva, que o rei não teria condições de se recuperar. O monarca babilônico pode alinhar um exército composto de 40 a 50 mil homens, apoiado por tropas aliadas. É muito provável que Judá não tivesse mais de 10 mil homens prontos para a batalha, visto que Judá não podia esperar alinhar um exército que pudesse enfrentar os babilônios, com seus imensos recursos, levando o rei Joaquim a refugiar-se atrás das fortes muralhas de Jerusalém.
      Nabucodonosor substituiu no trono judaico por Zedequias, um vassalo supostamente mais obediente, o qual, continuou a sonhar em escapar do domínio babilônico. Zedequias conservou-se fiel durante 11 anos(597-586 a.C.), tentando sua independência encorajado pelo Faraó Psamético II(595-589 a.C.), induzindo o rei de Judá a enfraquecer o Estado babilônico, sem desgastar suas tropas egípcias. Zedequias começou a a planejar uma segunda revolta. Negociou com os países sírios que estavam sob a hegemonia babilônica(Edom, Moabe e Amom), bem como as principais cidades-Estado da Fenícia: Tiro e Sidom. Em 588 a.C., os planos de Zedequias estavam prontos e ele se declarou independente de Babilônia.
     Nabucodonosor marchou contra Judá com um poderoso exército. As avançadas egípcias obrigaram os babilônios a retirarem-se momentaneamente: "E o exército de Faraó saiu do Egito: e ouvindo os caldeus esta notícia que(os egípcios) tinham sitiado Jerusalém, retiraram-se de Jerusalém."(Jeremias 37:5).
     Zedequias nem sequer tentou combater contra o enfurecido monarca babilônico no campo de batalha. Em vez disso, confiou nas fortes muralhas de suas cidades e na promessa de auxílio militar do Faraó Aprias(589-570 a.C.), ou seja, Hofra, da Bíblia.
     O profeta Jeremias alertou ao rei Zedequias que o exército de Babilônia não desistiria de conquistar Judá e voltaria com toda a força futuramente: "Então veio a Jeremias, o profeta, a palavra do Senhor, dizendo: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Assim direis ao rei de Judá....eis que o exército de Faraó, que saiu em vosso socorro, voltará para a sua terra no Egito. E voltarão os caldeus e pelejarão contra esta cidade e a tomarão e a queimarão a fogo. Assim diz o Senhor: não enganeis as vossas almas, dizendo: sem dúvida se irão os caldeus de nós: porque não se irão....e sucedeu que, subindo de Jerusalém o exército dos caldeus, por causa do exército de Faraó."(Jeremias 37: 6,7,8,9 e 11).
     Nabucodonosor invadiu a Palestina pelo norte na primavera de 588 a.C., numa rota circular, no entanto mais fácil que procurar atravessar pela fenda do vale do Jordão ou por sobre as montanhas da Judéia. Suas tropas marcharam pela planície costeira, apossando-se das cidades da Fenícia, antes de se dirigirem para as províncias que, anteriormente. tinham constituído o Estado de Israel. Muitas cidades, ao verem o exército esmagador babilônico, logo se renderam. As cidades de Kadesh, Megido e Afeca tentaram enfrentar os babilônicos, sendo destruídas rapidamente. Em fins de 588 a.C., Nabucodonosor conseguiu mover-se para o seu principal objetivo: Jerusalém.
     Jerusalém era a capital de Judá e o maior centro cosmopolita da região, com uma população regional de 20 mil pessoas. Esse número pode ter sido aumentado, em 588 a.C., por refugiados que tinham escapado do caminho do exército em marcha de Nabucodonosor, talvez chegando a duplicar a população durante o cerco e, assim, ocasionando a extinção do estoque de alimentos na cidade. Embora Nabucodonosor já tivesse anteriormente intimado à cidade em relação a rendição, o rei Zedequias determinou a resistência, provavelmente, ciente de que poderia esperar pouca misericórdia, visto que Judá tinha se rebelado pela segunda vez. Ele deve ter esperado que Jerusalém conseguisse resistir ao cerco babilônico até a chegada do socorro do Egito. O profeta Jeremias aconselhou da parte de Deus, que Zedequias se rendesse e nada de mal lhe aconteceria: "Se voluntariamente saíres aos príncipes do rei de Babilônia, então viverá a tua alma e esta cidade não se queimará a fogo e viverá tu e a tua casa."(Jeremias 38:17).
     O cerco teve início no meio da estação chuvosa, em 10 de janeiro de 587 a.C. Nabucodonosor começou tentando uma circunvalação, certamente na espectativa de, pela fome, os habitantes relutantes chegassem a rendição.
     A principal arma do cerco foi o aríete, que era um tronco maciço de árvore todo cintado de bronze ou ferro e com uma pontiaguda cabeça de ferro, suspenso por uma estrutura para que pudesse balançar e atingir repetidamente um ponto fraco na muralha. Nabucodonosor haveria de ter muitas máquinas deste tipo a sua disposição. A tarefa dos que estavam cercados era impedir o trabalho do aríete de todos os modos possíveis, quer matando os seus operadores, quer queimando o próprio aríete ou cortando as cordas com as quais o aríete ficava suspenso, usando facas presas a varas compridas.
     Atribui-se a duração do cerco de 18 meses(1 ano e 6 meses), que Nabucodonosor pode vencer as defesas de Jerusalém. Por fim, os judeus se enfraqueceram a medida que a fome e a doença se espalharam pela cidade. Os livros de Jeremias e Lamentações mencionam a fome e a peste. Diz Lamentações: "Os mortos à espada são mais felizes do que os mortos à fome; porque estes padecem como transpassados por falta dos frutos dos campos. As mãos das mulheres piedosas cozeram seus próprios filhos; serviram-lhes de alimento na destruição da filha do meu povo(Jerusalém)".(Lamentações 4:9-10).
     Finalmente, no dia 09 de julho de 586 a.C., os babilônios conseguiram abrir uma brecha ao lado norte da muralha. Nesta noite, Zedequias com todos os homens de guerra, deixaram a cidade e, passando silenciosamente pelos baluartes inimigos, dirigiram-se para o rio Jordão. Os babilônios, sabendo que o rei havia fugido, saíram a persegui-lo e alcançaram-no na planície de Jericó. Os soldados fugiram em todas as direções, deixando o rei praticamente sozinho. Levaram-no à presença de Nabucodonosor que lhe mandou arrancar os olhos, depois de mandar matar em suas presença os seus filhos. Sob algemas, foi conduzido para Babilônia, permanecendo na prisão até o dia da sua morte: "E sucedeu que, no nono ano do seu reinado, no mês décimo, aos dez do mês, Nabucodonosor, rei de Babilônia, veio contra Jerusalém, ele e todo o seu exército e se acampou contra ela e levantaram contra ela tranqueiras em redor. E a cidade foi sitiada até ao undécimo ano do rei Zedequias. Aos nove do quarto mês, quando a cidade se via apertada da fome, nem havia pão para o povo da terra. Então a cidade foi arrombada e todos os homens de guerra fugiram de noite pelo caminho da porta, entre os dois muros que estavam junto ao jardim do rei(porque os caldeus estavam contra a cidade em redor), e o rei se foi pelo caminho da campina. Porém o exército dos caldeus perseguiu o rei e o alcançaram nas campinas de Jericó: e todo o exército se dispersou. E tomaram o rei e o fizeram subir ao rei de Babilônia, a Ribla: e procederam contra ele. E aos filhos de Zedequias degolaram diante dos seus olhos; e vazaram os olhos de Zedequias e o ataram com duas cadeias de bronze e o levaram a Babilônia."(II Reis 25:1-7).
     "Era Zedequias da idade de vinte e cinco anos, quando começou a reinar: e onze anos reinou em Jerusalém. E fez o que era mau aos olhos do Senhor; nem se humilhou perante o profeta Jeremias, que falava da parte do Senhor.De mais disto, também se rebelaram contra o rei Nabucodonosor, que o tinha ajuramentado por Deus; mas endureceu a sua cerviz e tanto se obstinou no seu coração, que não se converteu ao Senhor, Deus de Israel......Porque fez subir contra eles o rei dos caldeus, o qual matou os seus mancebos à espada, na casa do seu santuário e não teve piedade nem dos mancebos, nem das donzelas, nem dos velhos, nem dos decrépitos(velhos doentes): a todos os deu na sua mão."(II Crônicas 36:11,12,13 e 17). Ler também Jeremias 39:1-10
     "E prenderam o rei e o fizeram subir ao rei de Babilônia, a Ribla(Síria), na terra de Hamate, o qual lhe lavrou a sentença. E o rei de Babilônia degolou os filhos de Zedequias à sua vista e também degolou a todos os príncipes de Judá em Ribla. E arrancou os olhos de Zedequias e o atou com duas cadeias de bronze; e o rei de Babilônia o levou para Babilônia e o conservou na prisão até o dia da sua morte."(Jeremias 52: 9-11)
     Mesmo depois de penetrarem as muralhas e de lutarem de rua em rua, alguns judeus conseguiram refugiar-se no Templo de Salomão: um complexo solidamente fortificado. Ali resistiram no período de três(3) semanas, até 04 de agosto. Três dias depois, em 07 de agosto, Nabucodonosor mandou seu general Nebuzaradão marchar contra Jerusalém, reduzindo o Templo a cinzas e aprisionando os principais de seus habitantes: "E no quinto mês, no sétimo dia do mês....veio Nebuzaradão, capitão da guarda, servo do rei de Babilônia, a Jerusalém. E queimou a casa do Senhor e a casa do rei, como também todas as casas de Jerusalém; todas as casas do grandes queimou. E todo o exército dos caldeus, que estava com o capitão da guarda, derribou os muros em redor de Jerusalém. E o mais do povo que deixaram ficar na cidade e os rebeldes que se renderam ao rei de Babilônia e o mais da multidão, Nebuzaradão, o capitão da guarda, levou presos. Porém os mais pobres da terra deixou o capitão da guarda ficar alguns para vinhateiros e para lavradores."(II Reis 25:8-12). Ler também Jeremias 39:8-10 e Jeremias 52:13-16
     O profeta Ezequiel, em Babilônia, recebeu a notícia do incêndio do Templo e a destruição de Jerusalém: "E sucedeu que, no ano duodécimo, no décimo mês, aos cinco do mês do nosso cativeiro, veio a mim um que tinha escapado de Jerusalém, dizendo: ferida está a cidade."(Ezequiel 33:21).
     Nesta terceira deportação, a maior parte dos habitantes de Judá foi levada para Babilônia.
     Por causa da fidelidade e obediência do profeta Jeremias, foi libertado do cativeiro no palácio judaico e teve a oportunidade de optar em ficar na terra de Judá ou não: "E ficou Jeremias no átrio da guarda, até o dia em que foi tomada Jerusalém: e ainda ali estava quando foi tomada Jerusalém."(Jeremias 38:28).
    " Mas Nabucodonosor, rei de Babilônia, havia ordenado acerca de Jeremias, a Nebuzaradão, capitão dos da guarda, dizendo: toma-o e põe sobre ele os teus olhos e não lhe faças nenhum mal, antes, como ele te disser, assim procederás para com ele.....mandaram retirar Jeremias do átrio da guarda e o entregaram a Gedalias....para que o levasse a sua casa; e ele ficou entre o povo."(Jeremias 39:11,12 e 14).
     "A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, depois que Nebuzaradão, capitão da guarda, o deixou ir de Ramá, quando o tomou, estando ele atado com cadeias no meio de todos os do cativeiro de Jerusalém e de Judá, que foram levados cativos para Babilônia. Porque o capitão da guarda levou Jeremias e lhe disse: O Senhor teu Deus pronunciou este mal contra este lugar......agora pois, eis que te soltei hoje das cadeias que estavam sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo para Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se te não apraz vir comigo para Babilônia, deixa de vir. olha toda a terra está diante de ti; para onde parecer bom e reto aos teus olhos que vás, para ali vai."(Jeremias 40:1-4).
     O judeu Gedalias foi constituído pelo domínio babilônico como governante da terra de Judá, entretanto pouco tempo depois desta nomeação, este governante foi morto por Ismael, judeu partidário da libertação do jugo babilônico. Muitos judeus restantes conseguiram escapar dos caldeus, levando à força o profeta Jeremias, indo em direção ao Egito, que ofereceu asilo político: "E levantou-se Ismael...com os dez homens que estavam com ele e feriram a Gedalias...à espada; matando assim aquele que o rei de Babilônia havia posto sobre a terra."(Jeremias 41:2).
     "Não obedeceu Joanã...nem nenhum de todos os príncipes dos exércitos...à voz do Senhor, para ficarem na terra de Judá. Antes tomou Joanã....aos homens, as mulheres...como também a Jeremias, o profeta.... e entraram na terra do Egito, porque não obedeceram à voz do Senhor; e vieram até Tafnes."(Jeremias 43:4-7).
     Portanto, em 581 a.C., cinco(5) anos após a destruição de Jerusalém, um outro grupo de judeus foi deportado para Babilônia, constituindo-se a quarta deportação, ficando a terra assolada e sem habitantes: ""No ano vinte e três de Nabucodonosor, Nebuzaradão, capitão da guarda, levou cativos dentre os judeus, setecentas e quarenta e cinco almas: todas as almas são quatro mil e seiscentas."(Jeremias 52:30).
     Nabucodonosor agiu também no sentido de dissolver o Estado judaico, assegurando dessa forma, que não haveria mais rebeliões. Sem o poder limitante da monarquia, a autoridade do templo e sobre o povo passou para as mãos do Sumo-sacerdote, que seria a autoridade dominante.
     Oséias foi o 19º e último rei de Israel, governando durante 09 anos(732-723 a.C.). O Reino do Norte, ou seja, as 10 tribos de Israel, tiveram origem no ano 931 a.C., sob o reinado de Jeroboão(I Reis 11:28).. Este reinado, sob a liderança de Oséias, foi derrotado e levado cativo para a Assíria, pelo rei Salmanaser V, em 722 a.C., devido a desobediência aos mandamentos de Deus, em não copiarem os costumes gentílicos das nações ao redor: " Também fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas e deram-se a adivinhações e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que parecia mal aos olhos do senhor para o provocar à ira. Pelo que o Senhor muito se indignou sobre Israel e os tirou da sua face: nada mais ficou, senão a tribo de Judá."(II Reis 17:17-18).
    ..."Salmanasar, rei da Assíria, subiu contra Samaria(capital de Israel) e a cercou. E a tomaram ao fim de três anos...E o rei da Assíria transportou a Israel para a Assíria...porquanto não obedeceram à voz do Senhor seu Deus, antes transpassaram o seu concerto: e tudo quanto Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado, nem o ouviram nem o fizeram."(II Reis 18: 9, 11-12).
     Este fato ocorreu 209 anos após a divisão do Reino judaico em duas partes. 136 anos após a queda de Samaria(o Reino do Norte), expulsando-os da terra prometida, Judá( o Reino do Sul), foi derrotado por Nabucodonosor, em 586 a.C.(aproximadamente 345 anos após a sua fundação, em 931 a.C, por Roboão.): II Reis 24:1-20; II Reis 25:1-22; II Crônicas 36:5-21).

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