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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CULTO AO IMPERADOR- II PARTE.

     10) Tito(Tito Flavio Sabino Vespasiano): 79-81 d.C. Filho de Vespasiano e irmao de Domiciano.
     O historiador Flavio Josefo conta que o Imperador Tito mandou realizar praticas esportivas em festejos de aniversarios e nascimentos de seus familiares. Concluiu o mais famoso local de praticas de jogos, o Anfiteatro Flaviano, conhecido como Coliseu, iniciado por seu pai Vespasiano. No tempo do Imperador Adriano(117-138 d.C.), a colossal estatua de Nero que encontrava-se no vestibulo do palacio imperial(Casa Aurea), foi transportada por 24 elefantes para as proximidades deste anfiteatro.  Na Idade Media, passou a chamar-se Coliseu(nome proveniente desta colossal estatua de 35 metros de altura). Este anfiteatro comportava 50 mil espectadores.
     Solenizou em Cesareia, o dia natalicio de Domiciano, seu irmao, com grande demonstraçao de alegria e a custa da vida de 2500 judeus, que tinham sido julgados dignos de morte. Muitos foram obrigados a combater contra os animais ferozes ou uns contra os outros, como gladiadores. Quando este genral retornou a Roma, apos a destruiçao de Jerusalem, foi recebido, como de costume, com uma calorosa recepçao, incluindo a realizaçao de diversos jogos publicos nos Circos, ginasios e anfiteatros.
     11) Domiciano(Tito Flavio Domiciano): 81-96 d.C. Filho de Vespasiano.
     Enquanto o pai de Domiciano, Vespasiano(69-79 d.C.) e seu irmao Imperador Tito(79-81 d.C.), receberam honrarias divinas depois de mortos, o Imperador Domiciano desejou obte-las durante o seu tempo de vida. O historiador Suetonio, nos informa que ele referia-se a si proprio como "deus e senhor". Suetonio prossegue: "E assim surgiu o costume de dai por diante dirigir-se a ele em nenhum outro modo, mesmo por escrito ou em conversa. Ele nao permitia que nenhuma estatua fosse erguida em sua honra no Capitolio, exceto de ouro e prata e de certo peso pre-estabelecido".
     O culto ao imperador tornou-se um teste de fe para os cristaos. Este imperador buscou consolidar a sua adoraçao  e o culto da deusa Roma, principalmente nas provincias do oriente, com estatuas e templos erguidos em Pergamo, Esmirna, Efeso e Laodiceia. No caso de Pergamo, depois da morte de Alexandre, o Grande, em 333 a.C., quando Atalo III, ultimo rei desta cidade, passou, em testamento, a sua cidade ao poderio de Roma, tornando a partir de entao, a capital da provincia da Asia. Este foi o primeiro reino asiatico que incentivou abertamente o culto ao imperador. Por volta do ano 29 a.C., foi edificado nesta cidade um templo ao "divino imperador Augusto" e a deusa Roma, fato que conquistou sobremaneira o coraçao imperial. Havia nesta metropole, uma acropole de uns 300 metros de altitude, com muitos templos e deuses pagaos. Entre eles, um templo dedicado a Zeus olimpico. Pergamo era tambem centro de culto a Asclepion, o deus-serpente das curas(simbolo da medicina) e o seu colegio de sacerdotes-medicos era famoso. Notabilizou-se ainda pela produçao de pergaminho, especie de papel que servia para a escrita e que ate hoje e conhecido no mundo inteiro.
     O Imperador Trajano(98-117 d.C.) nomeou o general Plinio com o titulo de "Augusto"(Altissimo), com autoridade de reorganizar a provincia da Bitinia(antigo reino, ao norte da Asia Menor-atual Turquia), nos anos 109-111 d.C.. Em 111 d.C., Plinio, governador desta cidade, escreveu uma carta ao Imperador para obter informaçoes de como proceder contra os cristaos. Trajano explica que o procedimento era perguntar-lhes se eram cristaos. Os que assim o confessassem seriam executados, mas os que alegassem nao serem mais cristaos, deveriam ser obrigados a adorar a imagem do imperador, oferecendo incenso e vinho perante a mesma. Deveriam insultar o nome de Cristo e invocarem os nomes dos deuses romanos(Jupiter, Roma, Apolo, etc). Procedendo desta maneira, seriam soltos.
     O Apostolo Joao esteve a beira do martirio. Durante o periodo de perseguiçoes implantadas pelo Imperador Domiciano em Roma, foi lançado numa caldeira com azeite fervente, saiu ileso sem nenhuma queimadura. Todavia, foi sentenciado as minas da ilha de Patmos. Morreu velho, sendo o unico apostolo a nao ser martirizado. Eis o que disseram os 'Pais da Igreja':
     1) Papias(120 d.C.): "Depois que Domiciano reinou em um so ao, Nerva, quem tendo chamado a Joao da ilha de Patmos, permitiu-lhe habitar em Efeso, sendo entao o unico sobrevivente dos 12 discipulos e tendo escrito o evangelho que leva seu nome, escapou da graça do martirio".
     2) Tertuliano(197 d.C.): "Quao ditosa e a igreja(de Roma) na que os apostolos derramaram toda sua doutrina juntamente com seu sangue onde o apostolo Joao foi submergido em azeite fervente sem sofrer dano algum, para ser depois desterrado a uma ilha".
     3) Eusebio(320 d.C.): "Irineu e outros registraram que Joao o teologo e Apostolo sobreviveu ate os tempos de Trajano; depois daquele tempo , Papias de Heriopolis e Policarpo, Bispo de Esmirna, que foram ouvintes seus, chegaram a ser bem conhecidos".
     12) Nerva(Marcos Cocio Nerva): 96-98 d.C.
     O Imperador Otavio Augusto levantou templos a deusa Roma e ao ditador Julio Cesar, juntamente com diversos jogos em homenagem a este grande conquistador de Roma.
     O Imperador Adriano(117-138 d.C.) se esforçou para ganhar a admiraçao do povo com doaçoes, diversos jogos e combates de gladiadores no anfiteatro. Frequentador diario da Palestra, recinto tipicamente no estilo grego, onde realizavam-se competiçoes atleticas, instituiu jogos periodicos em honra ao jovem atleta grego Apoximenos Antinous, vencedor do pugilismo nas olimpiadas de 332 a.C., simbolo da harmonia e força fisica, eternizado em estatua de bronze pelo escultor grego Lisipo(370-318 a.C.).
     Adriano em sua visita a Bitinia(norte da Asia Menor, hoje Turquia), conheceu um jovem chamado Antinoo(110/112-130 d.C.) e levou-o consigo para Roma, tornando-o uma especie de "pajem" ou "garoto de estimaçao", em razao de sua grande beleza. Segundo o Bispo Clemente de Alexandria(150-215 d.C.), o relacionamento entre ambos era sexual, comparado ao relacionamento do deus Zeus com Ganimedes. Adriano era 34 anos mais velho que Antinoo(um adolescente), enquadrando-se na relaçao homossexual existente na Grecia classica. Em outubro de 130 d.C., durante uma visita ao egito, Antinoo morreu afogado no rio Nilo, sendo as circunstancias nao terem sido esclarecidas ate hoje. Semanas apos o  ocorrido, o Imperador decretou a sua divinizaçao. Ordenou a construçao de uma nova cidade perto do local de sua morte, Antinopolis(= cidade de Antinoo) em sua homenagem, no alto Egito. A divindade protetora desta cidade era um deus sincretico, resultado da fusao de Antinoo com Osiris. Por todo o imperio foram erguidas estatuas deste jovem e na parte oriental, levantaram-se templos ao falecido. Foi dado o nome Antinoo a uma estrela e o imperador escreveu um epitafio(frase de homenagem) dedicado ao jovem, que mandou gravar num obelisco, que se encontra hoje nos jardins do Pincio em Roma.
     Segundo o historiador Pausanias(180-115 a.C.), seu templo em Mantineia(cidade  situada na Arcadia, sul da Grecia), era o mais novo da cidade. Em sua honra, foram celebrados rituais religiosos todo ano e jogos a cada 4 anos: combates de gladiadores, corridas de cavalos, corridas de bigas, etc No ginasio de Mantineia, havia estatuas de Antinoo. Os retratos de Antinoo eram feitos de forma que ele se parecesse com o deus dionisio. Apos a morte de Adriano, a sua relaçao com Antinoo foi utilizada contra a sua memoria pelos seus inimigos. Os primeiros autores cristaos tambem criticaram esta relaçao, que para eles era um exemplo de imoralidade do paganismo.
     O Imperador Adriano provocou uma revolta judaica, ao mandar reconstruir Jerusalem, destruida pelo general  Tito no 70 d.C., como uma cidade grega e os judeus sentiram que a sua cidade sagrada estava sendo profanada por estrangeiros. De fato, em toda a parte surgiram estatuas, banhos publicos, ginasios de esportes, etc. Esta guerra foi longa e terrivel, durou mais de 2 anos e as tropas romanas foram encurralando os judeus nas cavernas subterraneas nas montanhas, onde foram sendo exterminados. Os sobreviventes foram vendidos como escravos e o Imperador decretou a expulsao dos judeus de Jerusalem. No lugar do antigo templo judaico, ergueu-se a estatua de Zeus Olimpico e junto ao Golgota(onde jesus foi crucificado), foi erguido o templo dedicado a deusa grega Afrodite. Jerusalem foi reconstruida nos moldes de uma cidade grega e passou a chamar-se "Aelia Adriana". A antiga provincia da Judeia passou a se chamar "Palestina", forma de tentar apagar a memoria da presença judaica na regiao pela recordaçao dos filisteus(antigos habitantes da regiao nos tempos biblicos).
     Sob o reinado do Imperador Marco Aurelio(161-180 d.C.), o Bispo Policarpo, no ano 169 d.C., foi queimado vivo no anfiteatro da cidade de Esmirna, por nao negar a fe crista e rejeitar o culto ao imperador e a seus deuses. O proconsul perguntou: "Queres amaldiçoar a Cristo?" respondeu Policarpo: "Por 86 anos eu servi ao Senhor e ele nunca me fez mal. Como poderia eu entao falar mal dele agora, meu Senhor e Salvador?"
     Sob o reinado do Imperador Decio(249-251 d.C.), foi imposto a todos os cristaos que fizessem sacrificios aos idolos. Alguns querendo preservar suas vidas, negavam a fe, mas muitos como Alexandre(Bispo de Jerusalem), Babilos(Bispo de Antioquia), Fabiano(Bispo de Roma), preferiram morrer a negar a salvaçao em Cristo. O exercito daqueles que confessaram a sua fe superou aqueles que preferiram obedecer ao imperio romano. Os cristaos estavam baseados nas palavras de Jesus que diz: "Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que esta nos ceus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei tambem diante de meu Pai, que esta nos ceus.... quem achar a sua vida, perde-la-a; e quem perder a sua vida por amor de mim, acha-la-a".(Mateus 10: 32, 33 e 39).
     O Bispo Eusebio de Cesareia(263-340 d.C.) em suas obras fala dos martirios dos cristaos: "Mas so se pode admirar os que sofreram tambem em sua terra natal, onde milhares, tanto homens como mulheres e crianças, desprezando a vida presente por causa da doutrina do Salvador, foram submetidos a morte de varias maneiras. Alguns, depois de torturados com esfoladuras e em pranchas...foram finalmente entregues as chamas, alguns jogados e afogados no mar...alguns definhando de fome e outros, ainda pregados na cruz...outros, de modo mais cruel, pregados de cabeça para baixo e mantidos vivos ate serem destruidos de fome na propria cruz...eles recebiam, de fato, a sentença final de morte com alegria e exultaçao, chegando ate a cantar e elevar hinos de louvor e açao de graças ate o ultimo suspiro.....tambem Fileias, bispo das igrejas de Timuis...e Filoromo, foram condenados a serem decapitados".
     Com a ascençao de Diocleciano como imperador romano, em 284 d.C., significou o final de um periodo de paz para os cristaos. Os lideres foram presos e torturados e as igrejas(templos) destruidos. Varios morreram martirizados sendo lançados as feras no anfiteatro: Timoteo(nativo do Ponto), Dionisio(de Tripoli-Fenicia); Romulo(sub-diacono da Igreja em Diospolis); Paese e Alexandre(Egito); Alexandre(Gaza-Palestina). Alguns receberam outros tipos de martirio: Romano(Palestina), diacono e libertador de demonios; Timoteo, Agapio, Tecla.
     O harpastum, jogo de bola descendente do epyskiros dos gregos, praticado por volta do ano 200 a.C., disputado num campo retangular, dividido por uma linha e com duas linhas como meta, nunca foi incluido nos espetaculos romanos e nem no culto ao imperados. Os imperadores romanos nao eram favoraveis a este tipo de modalidade esportiva. Ficavam restritos aos campos  e regioes adjacentes a cidade de Roma ou nos acampamentos dos soldados. Quando o general Sila(138-78 a.C.), derrotou Caio Mario em 88 a.C., o enorme exercito vitorioso, estacionado nas imediaçoes da cidade de Roma, comemorou a  conquista com partidas de harpastum durante horas seguidas.
     Deus, atraves do profeta Moises, deixou bem claro nao so ao seu povo, mas a todos os seres humanos: "Nao teras outros deuses diante de mim. Nao faras para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que ha em cima nos ceus, nem embaixo na terra. Nao te encurvaras a elas, nem as serviras; poque, eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso".(Exodo 20:3-4).
     "Guarda-te que nao faças concerto com os moradores da terra aonde has de entrar, para que nao seja por laço no meio de ti. Mas os seus altares transtornareis, as suas estatuas quebrareis e os seus bosques cortareis. Porque nao te inclinaras diante doutro deus: pois o nome do Senhor e zeloso: Deus zeloso e ele....nao se prostituam apos os seus deuses, nem sacrifique aos seus deuses..."(Exodo 34:12-16).
     O apostolo Paulo, na cidade de Listra, curou um aleijado de nascença. A multidao admirada com o prodigio, quis prestar-lhe, juntamente com o seu companheiro Barnabe, um culto de reconhecimento por supor neles a divindade. Paulo, todavia, severamente repeliu essa ideia: "E as multidoes, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em lingua licaonica: fizeram-se os deuses semelhantes aos homens e desceram ate nos. E chamaram Jupiter a Barnabe e Mercurio a Paulo, porque este era o que falava. E o sacerdote de Jupiter...trazendo para a entrada da porta touros e flores, queria com a multidao sacrificar-lhes...E dizendo: varoes, por que fazeis estas coisas? nos tambem somos homens como vos, sujeitos as mesmas paixoes e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o ceu e a terra, o mar e tudo quanto ha neles... E, dizendo isto, com dificuldades impediram que as multidoes lhes sacrificassem".(Atos 14:11, 12, 13, 15 e 18).
     "Porque, ainda que haja tambem alguns que se chamem deuses, quer no ceu quer na terra(como ha muitos deuses e muitos senhores), todavia para nos ha um so Deus, o Pai, de quem e tudo e para quem nos vivemos; e um so Senhor, Jesus Cristo, pelo qual sao todas as coisas e nos por ele".(I Corintios 8:5-6).
     O Apostolo Pedro repreendeu o centuriao Cornelio que o venerou, pois este privilegio de adoraçao so deve ser atribuido a Deus e nao a homem algum: "E aconteceu  que, entrando Pedro, saiu Cornelio a recebe-lo e, prostrando-se a seus pes, o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: levanta-te, que eu tambem sou homem".(Atos 10:25-26).
     O anjo do Senhor nao admitiu receber adoraçao do Apostolo Joao na ilha de Patmos: "E eu lancei-me a seus pes(do anjo) para o adorar; mas ele disse-me: olha nao faças tal; sou teu conservo e de teus irmaos, que tem o testemunho de Jesus; adora a Deus; porque o testemunho de Jesus e o espirito da profecia".(Apocalipse 19:10).
     Segundo Flavio Josefo, no ano 44 d.C., Herodes Agripa I(de 54 anos) ouviu os enviados de Tiro e Sidon(cidades da Fenicia) no anfiteatro de Cesareia. A populaçao paga e bajuladora, aclamou o rei como Deus, desencadeando o castigo divino: "E num dia designado, vestindo Herodes as vestes reais, estava assentado no tribunal e lhes fez um discurso. E o povo clamou: voz de Deus e nao de homem. E no mesmo instante feriu-o o anjo do Senhor, porque nao deu gloria a Deus, e, comido de bichos, expirou".(Atos 12:21-23).
                                                  Bibliografia.
                          Wickipedia-enciclopedia livre/ Antinoo
                           Historia do Imperador Adriano-online
                          Historia dos Hebreus-Flavio Josefo-obra completa.
                          Historia de Roma-antiguidade classica II-3ª ediçao
                          Roma Imperial- Moses Hadas-biblioteca de historia universal.
                         O sinal e o numero da besta-online
                         Comunidade vida/pergamo-online
                         Dicionario da Igreja Primitiva-Joao Apostolo-online
                         Historia Eclesiastica-os primeiros 4 seculos da Igreja Crista-Eusebio de Cesareia.
    
    

Um comentário:

  1. Bom dia + abre muito a nossa mente e amplia o nosso conhecimento . Muitos bens gostei

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