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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

ESPORTE E EXALTAÇAO AO SER HUMANO- III PARTE.

     O Imperador Nero(37-68 d.C.), aos 22 anos de idade, era dotado em poesia, musica, teatro e jogos atleticos. Admirava os concursos de habilidades fisicas e artisticos dos gregos e quis introduzi-los em Roma. Amava muito os prazeres e glorias deste mundo. No ano 59 d.C., instituiu os "Ludi Invernales" ou  "Jogos da Mocidade" e no ano 60 d.C., inaugurou as "Neronias", ou seja, torneios nos moldes das festas quadrienais de Olimpia, com corridas de cavalos(hipismo), corridas a pe, salto a distancia, lançamento de dardo e disco, pugilismo e musica na qual estavam incluidas as oratorias e poesia. Construiu um anfiteatro, um ginasio(estilo grego) e um banho publico(terma) de grande magnificencia e como praticasse ginastica e fosse um corredor de biga dos mais animados, resolveu competir nos jogos da Grecia.
     Nero saiu de Roma no ano 65 d.C. para competir nos jogos olimpicos em Olimpia e fazer um itinerario de visitas  neste pais. Observou que os gregos sao os unicos homens que tem ouvidos para a musica. Em Olimpia conduziu uma quadriga(carruagem puxada por quatro cavalos), caiu e quase foi esmagado, mas ergueu-se, retomou a carruagem e prosseguiu ainda por algum tempo, abandonou a prova antes do fim. Os juizes mesmo assim, deram-lhe a coroa do triunfo. Felissimo com os aplausos do publico, anunciou que dali por diante nao so Atenas e Esparta como toda a Grecia seria livre, isto e, nao pagaria tributos a Roma. As cidades gregas corresponderam-lhe ao gesto realizando em um mesmo ano, os jogos istmicos, piticos e nemesianos. Nero tomou parte em todos como cantor, ator, harpista e atleta. Religiosamente, obedecia as regras de varias competiçoes, mostrava-se muito cortes com os oponentes e dava-lhes a cidadania romana como consolaçao de suas invaraveis derrotas. Muitos tambem desistiam das competiçoes, por medo do imperador. Em meio a estadia na Grecia, recebeu noticia de que a Judeia estava rebelada e todo o Oriente fervia. Nero suspirou e prosseguiu em seu itinerario. Quando cantava em um teatro "ninguem tinha permissao de levantar-se nem pelos motivos mais urgentes". Isso fez com que algumas mulheres dessem a luz na plateia e outros se fingiam de mortos para serem retirados. Alarmado com mais noticias de rebelioes e conspiraçoes, voltou a Roma em 67 d.C., entrando em triunfo, exibindo como trofeus os 1808 premios conquistados na Grecia. Neste mesmo ano, mandou decapitar o Apostolo Paulo e no dia 29 de junho deste mesmo ano, mandou crucificar o Apostolo Pedro.  Em março de 68 d.C., Julio Vindice, governador gaules de Liao, proclamou a independencia da Galia. Em abril, Galba, comandante do exercito romano da Espanha, ligara-se a Vindice e marcharam para Roma. Sabedor que a Guarda Pretoriana estava pronta para abandonar Nero em troca de remuneraçao, o Senado proclamou Galba como Imperador. Nero fugiu para os jardins servilianos, na entrada para Ostia. Todos o abandonaram, levando-o ao suicidio para nao ser capiturado pelas tropas de Galba, em 68 d.C.
     Durante dois(2) dias seguidos, 44 pareos, entre os parelheiros(cavalos tratados para disputar corridas) despertavam a atençao popular. Roma inteira, quando as disputas se aproximavam, dividia-se em facçoes ou cores, sobretudo, a vermelha e a verde. Por toda a parte, nas escolas, nas salas de conferencias, nas praças, metade da conversa recaia sobre joqueis favoritos e cocheiros, cujos retratos andavam por toda a parte e cuja vitoria era anunciada no "Acta Diurna".  Os vencedores tinham estatuas nas praças.
     O fanatismo popular pelos jogos nos Circos romanos deve ter ultrapassado todos os limites do possivel e imaginavel, superando ate o entusiasmo cego dos nossos dias pelo futebol, pois, os escritores da epoca, como testemunhas oculares, falam da loucura e o delirio e contam que o panico do publico no Circo apos a derrota de um favorito, era pior do que a derrota  em campo de batalha, diante do inimigo vitorioso.
     Roma ficou bastante decepcionada quando o Imperador deixou de tomar partido, mostrando desinteresse em torcer ou pelos "azuis", ou pelos "vermelhos", ou mesmo pelos "verdes" ou "brancos", nas corridas de bigas. Diz-se que Julio Cesar(prefeito de Roma) perdeu muita popularidade quando despachou com seus ministros na tribuna do Circo, ao inves de torcer por uma das cores preferidas. O mais notorio de todos os que se exibiram no Circo, guiando um carro de corrida, foi o proprio Imperador Nero. Essa exibiçao prejudicou-o muito junto ao povo romano e constituiu um dos piores de todos os erros de sua desastrosa administraçao. Seneca(4 a.C.-65 d.C.), filosofo romano e mestre de Nero, desaprovou-o e tentou transferir as exibiçoes do Imperador para um estadio particular. As massas nao gostavam de ver o imperador despachar com seus ministros no Circo, todavia ficavam entusiasmadas ao ve-lo torcer pelas "cores" nas competiçoes, porem, em hipotese alguma admitiam que se exibisse na pista de corrida. Ali ainda  preferiam um cavalo com o titulo de consul.
     Nas comunidades menores, os jogos eram realizados na praça do mercado, porem, toda a cidadezinha, cujas posses permitiam a construçao de um Circo, orgulhava-se de possui-lo, fato observado nao somente na Italia propriamente dita, todavia, em toda a parte do mundo em que pisaram os exercitos romanos.
     O historiador neelandes Jan Huizinga(1872-1945) comenta os jogos em seu livro "Homo Ludens"(1938) e ressalta em particular a emoçao coletiva que produziam, dizendo:  "A coletividade romana nao podia viver sem os jogos, que integravam sua existencia, como o pao de cada dia. Eram jogos religiosos. Era sagrado o direito do povo aos jogos. Sua funçao primitiva nao era apenas comemorar festivamente um bem ja conquistado pela coletividade, mas, simultaneamente, reforçar e garantir o futuro, mediante o ato religioso. O fator jogo  sobreviveu ali em sua forma antiquada".
     Os jogos convidam a cada um desenvolver em si aquilo que o pudessem distinguir da massa de seus semelhantes. O jogo e uma competiçao em que se firmam as qualidades do individuo e sua superioridade sobre os demais. Vejamos o que disseram os intelectuais gregos, grandes incentivadores dos jogos:
     1) Simonides(556-467 a.C.), poeta lirico: "Ter saude e a melhor coisa para um homem; depois vem a beleza da  forma e do espirito".
     2) Homero(850-800 a.C.), escritor da Iliada e Odisseia: "Nao existe maior gloria na vida do homem, viva ele quanto tempo viver, do que a que ele consegue por suas proprias maos e pes"(referentes ao pugilismo e a corrida).
     3) Platao(427-347 a.C.), filosofo: "Para cultivar unicamente a alma e aperfeiçoar nela a coragem e a sabedoria, os deuses presentearam os homens com a musica e a ginastica".
     4) Aristoteles(384-322 a.C.), filosofo: "Os penta-atletas sao os melhores, porque eles sao naturalmente dotados tanto de força como de velocidade". Ele achava que a educaçao do corpo deveria anteceder a do espirito. Aristoteles, persistente torcedor do pentatlo(ou 5 torneios): salto a distancia, lançamento do disco, corrida, luta, lançamento do dardo; dizia: "Todo o corpo, todas as forças empenhadas. Elegancia e robustez".
     5) Xenofontes(430-354 a.C.), general, historiador e filosofo; atribui a Socrates(469-399 a.C.), filosofo e autor classico, o seguinte: "Nenhum cidadao tem o direito de ser amador em materia de adestramento fisico...alem disso, que desgraça e para o homem envelhecer sem nunca ter visto a beleza e a força de que seu corpo e capaz". 
     6) Plutarco(46 d.C-120 d.C.), escritor e Hipocrates(460-375 a.C.), medico, tambem escreveram incentivando os jogos de exercicios.
     Enquanto os gregos e romanos exaltavam o ser humano, atraves dos jogos, elevando-os a categoria de semi-deuses, os servos de Deus, inspirados pelo Espirito Santo, declararam o contrario desses pensamentos e procedimentos que afastam o homem do Criador, pois a gloria tem que ser dada ao Altissimo e nao a criatura, ou seja aos homens. Veja o que disseram:
     1) Abraao(1898 a.C.): "E respondeu Abraao, dizendo: Eis que  agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou po e cinza".(Genesis 18:27).
     2) Jo(1520 a.C.): "Porque Deus....lançou-me na lama e fiquei semelhante ao po e a cinza".(Jo 30:11 e 19).
     3) Isaias(712 a.C.): " Eis que as naçoes sao  consideradas por ele(Deus) como a gota dum balde e como o po miudo das balanças: eis que lança por ai as ilhas como a uma coisa pequenissima.... todas as naçoes sao nada perante ele; ele considera-as menos do que nada e como uma coisa va".(Isaias 40:15 e 17).
     4) Isaias(698 a.C.): "Mas todos nos somos como o imundo e todas as nossas justiças como trapo de imundicia..."(Isaias 64:6).
     5) Daniel(570 a.C.): "E  todos os moradores da terra sao reputados em nada e segundo a sua vontade, ele opera com o exercito do ceu e os moradores da terra; nao ha quem possa resistir a sua mao e lhe diga: que fazes?"(Daniel 4:35).
     6) Apostolo Paulo(60 d.C.): "Temos, porem, este tesouro em vasos de barros, para que a excelencia do poder seja de Deus e nao de nos".(II Corintios 4:7).
     Os jogos despertam no individuo o estimulo de querer ser o melhor(superior), sobressaindo-se sobre os demais participantes, atraindo sobre si sentimentos contrarios ao carater cristao(glorias, exaltaçao, endeusamento, aclamaçao, etc), opondo-se ao que esta escrito: "...Cada um considere os outros  como superiores a si mesmos".(Filipenses 2:3).
     "O Senhor eleva os humildes.....nao tem prazer na força do cavalo, nem se agrada na agilidade do varao(hebraico: "nas pernas"). (Salmos 147:6 e 10).
     "Porque o que entre os homens e elevado, perante Deus e abominaçao".(Lucas 16:15).
     O orgulho e abominaçao aos olhos do Senhor. So Deus pode ter este sentimento de exaltaçao e elevaçao sobre tudo e todos. No ano 1491 a.C., o profeta Moises louvou ao Criador pelo fato de ser superior a toda a força terrena: "Cantarei ao Senhor, porque sumamente se exaltou".(Exodo 15:1).
     O rei Davi, inspirado divinamente, no ano 1018 a.C., dando açao de graças ao Senhor, revelou que so o Altissimo pertence esta virtude: "Exaltado seja Deus, a rocha da minha salvaçao".(II Samule 22:47).
     O Salmista endossou: "Nao a nos, Senhor, nao a nos, mas ao teu nome da gloria..."(Salmos 115:1).
     "Engrandecido seja Deus".(Salmos 70:4).

                                                   Bibliografia.
                            Novo conhecer-dicionario enciclopedio-abril cultural-volume 10-1977
                            A historia da civilizaçao-nossa herança classica-Will Durant
                            A historia dos gregos-1959-Sao Paulo-2ª ediçao-de Indro Montanelli
                            Exercicios fisicos na historia e na arte-Jeryr Jordao Ramos
                            Super abril-esportes-era uma ve em Olimpia

Um comentário:

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