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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

EXTINÇÃO DOS JOGOS NA ERA CRISTÃ.

     A partir do ano 95 d.C., os líderes ou Bispos começaram a ser chamados 'Pais da Igreja', como forma carinhosa, pela lealdade e dinamismo com que prosseguiram o trabalho de evangelização. O nome "Heróis da Fé" foi usado amplamente a partir do século III d.C., para descrever os campeões ortodoxos  da Igreja e os representantes de sua fé. Ao total, foram 84 homens que tiveram grande importância na liderança da Igreja que surgira. Foram os responsáveis pelo cristianismo severamente moral dessa época, com exceção de Inácio.  Eram classificados em quatro grupos: 1) Os Pais Apostólicos- caracterizados pela edificação e fortalecimento dos cristãos. Exs: Clemente de Roma,  Policarpo, Barnabé, Papias, Hermes, etc; 2) Os Apologistas- Pela sua defesa aos ataques contra o cristianismo. Exs: Tertuliano, Justino, o Martir; Taciano, Teófilo, Aristides, Atenágoras, etc.; 3) Polemistas- Pela sua defesa contra heresias dentro da igreja. Exs: Irineu, Tertuliano, Cipriano, Panteno,  Clemente ,  Orígenes, Hipólito, etc; 4) Teólogos- Pela aplicação da teologia em áreas filosóficas e científicas. Exs: Jerônimo(tradutor da Bíblia para o latim), Justino, Ambrósio de Milão, Agostinho,  Crisóstomo, Teodoro, Atanásio, Basílio de Cesaréia, Eusébio de Cesaréia(Historiador), Tertuliano(Escritor).
     O diferentismo nunca foi regra na maneira de viver dos cristãos. O que conserne a vida pública, os convertidos procuravam, sempre que possível, integrar-se ao ambiente social, cumprir seus deveres de cidadãos, evitando apenas o que contrariava os princípios fundamentais da moral evangélica.
     Os convertidos ao evangelho procuravam evitar a participação em atos da vida social idólatra, cujo espírito se opunha frontalmente aos preceitos da fé cristã. Assim, por exemplo, os jogos greco-romanos, o luxo eram condenados pelos principais líderes da Igreja pré-Constantiana. Eram aconselhados a fugirem dos jogos cênicos(teatros), como sendo sensuais e obscenos.
     No que tangia a sua vida como cidadãos, filhos de uma pátria terrena, os cristãos procuraram evitar os extremos e seguir a ordem de Cristo: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".(Mateus 22:21).
     Aliás, desde os tempos apostólicos, a presença de cristãos no paço imperial parece ter sido comum, pois o Apóstolo Paulo, no ano 64 d.C., já os menciona: "...Vos saúdam...especialmente os da casa de César"(Filipenses 4:22). Resta-nos dizer uma palavra com respeito a atitude dos cristãos em face ao serviço militar. Os numerosos soldados da época pré-constantiana atestam que, de modo geral, a profissão militar não foi considerada incompatível com a religião cristã. Os soldados cristãos eram numerosos na época da perseguição de Décio(249-251 d.C.) e Valeriano(253-260 d.C.). No período de paz inaugurado por Galeno esse número aumentou consideravelmente. Na época da tetrarquia, contavam-se inúmeros soldados cristãos nas forças armadas dos quatro imperadores. Não somente Diocleciano e Constâncio, favoráveis a sua religião, mas Maximiano Hércules e Valério, aceitavam suas presenças, não lhes exigindo ato algum de idolatria. A perseguição inspirada por Galério(293-305 d.C.) começou com a eliminação dos soldados cristãos. O Bispo Clemente de Alexandria(150-215 d.C.), testificou: "Tu és camponês, cultiva a terra, mas cultivando-a, confessa a Deus. Tu gostas de navegar, navega, mas ora ao piloto celeste. Tu eras soldado quando a fé cristã te conquistou, ouve o chefe cuja palavra de reunião é a justiça". Esses argumentos de Clemente lembram as palavras do Apóstolo Paulo, no ano 59 d.C.: "Cada um fique na vocação em que foi chamado".(I Corintios 7:20).
     O Imperador Teodósio I, o Grande, que governou Roma de 378 a 395 d. C., foi educado numa família cristã. Devido a uma grave enfermidade que contraiu em Tessalônica, escolhida por ele como capital tempóraria, converteu-se ao evangelho e foi batizado no ano 380 d.C. No dia 27 de fevereiro deste mesmo ano, assinou um decreto(O edito de Constantinopla), confirmando o cristianismo como religião oficial do Estado no Império. Requereu que todas as "nações que estavam sujeitas a clemência e moderação de Roma, devessem  seguir a religião que foi entregue aos romanos pelo divino Apóstolo Pedro". Foi o primeiro imperador romano que exerceu o poder estando batizado, apesar de seus antecessores desde Constantino, a exceção de Juliano, se declararem cristãos e tentassem se comportar como tais. Foi talvez por isso que recusou o título de "Pontifex Maximus"(Supremo Guardião) dos velhos cultos romanos. Os não-cristãos passam a ser chamados de "repugnantes", "hereges". Antes deste episódio, no ano 373 d.C., no governo de Valentiano I(364-375 d.C.), os cristaos denominaram os adeptos da "velha religiao"(idolatria) de "pagãos", referência aos camponeses, aldeãos(camadas populares das áreas rurais), juntamente com certos letrados, filósofos que opuseram resistência a supressão aos deuses romanos e seu culto.
     Em outro decreto, Teodósio I  chama de "loucos" todos aqueles que não crêem no Deus de Cristo. Em 384 d.C., ele ordena ao Pretor Maternus Cynergius, um cristão fervoroso, que destrua com as tropas imperiais, os templos pagãos no norte da Grécia e Ásia Menor.
     Em 391 d.C., em 24 de fevereiro, as tropas romanas destrõem a colossal estátua de Serápis(um deus egípcio), em Alexandria, que media 62 metros de altura, sendo queimada e derrubada, para espanto de seus adoradores, que previam o fim do mundo quando o ídolo não mais existisse.
     No ano 393 d.C., à pedido do Bispo Ambrósio de Milão(Itália), Teodósio proibi a prática de jogos de exercícios em todo o Império Romano(corridas a pé, lutas livres, pugilismos, corridas de bigas, hipismo, jogos de bola, etc). Apesar desta proibição, muitos países desobedeceram a ordem imperial de extinguirem a prática de jogos, pois agora só Jesus Cristo deveria ser exaltado e glorificado e não mais os deuses e nem os seres humanos. Isto obrigou os futuros imperadores a usarem a sua autoridade e mesmo a força bélica.
     Depois da morte de seu pai(Teodósio I), em 17/01/395 d.C., seu filho Arcádio Teodósio II(395-408 d.C.), formula dois(2) decretos, o de 27 de julho e outro em 07 de agosto de 395 d.C., enviando tropas dos seus aliados Visigodos, sob o comando do rei Alarico I,  a invadirem a Grécia e destruirem os templos dos deuses gregos e as instalações Olímpicas, o que foi parcialmente cumprido. Durante quatro(4) anos, suas tropas ocuparam  as cidades gregas de Dion, Delfos, Megara, Corinto, Feneas, Argos, Neméia, Lycosoura, Esparta, Messena, Figaléia, etc.
     Em 396 d.C., em 7 de dezembro, um novo decreto do Imperador Arcádio, torna o paganismo como alta traição.
     Em 397 d.C., Arcádio ordena a demolição de todos os templos pagãos que ainda continuavam de pé.
     Em 404 d.C., o seu irmão Honório((395-423 d.C.), Imperador do Ocidente(governante de Roma, Gálias,Hispânia, Itália), baixou um novo decreto terminando definitivamente com as lutas de gladiadores que ainda resistiam, mesmo depois da proibição imposta pelo seu pai em 393 d.C.
     Em 423 d.C., o Imperador Arcádio declara, em 8 de junho, que a religião dos pagãos não é nada, mais que "um culto aos demônios".
     Em 438 d.C., Arcádio emite um novo decreto em 31 de janeiro, considerando a idolatria como razão da praga que atacara o império naquele momento.
     440/450 d.C., os cristãos demolem os monumentos, altares e templos em Atenas, Esparta, Argos, Corinto, Delfos, etc
     Em 528 d.C., o Imperador Justiniano(527-567 d.C.) proibiu os jogos praticados ainda na cidade de Antioquia(cidade da Frigia), usando a força imperial e destruindo o Circo(hipódromo), onde eram praticadas corridas de bigas, corridas de cavalos e o estadio grego, onde se realizavam corridas a pé, lutas livres, pugilismo, lançamento de dardo e disco, etc.
     Em 529 d.C., o Imperador Justiniano fechou a Academia de Filosofia de Atenas(onde Platão havia lecionado), desferindo um golpe mortal e definitivo na cultura espiritual grega, pois este local servia de refugio dos idólatras.
     Em 522 d.C., Deus enviou um grande terremoto em Olímpia(Grécia), que destruiu parte das construções religiosas e as edificações esportivas(o edifício do estádio)., inclusive a imensa estátua de Zeus, de 15 metros de altura. No ano 551 d.C.(29 anos após), Deus enviou um segundo terremoto em Olímpia, agravando a destruição feita pelo tremor anterior, provocando a inundação de Olímpia pelos rios Alfeus e Claudes, colocando um ponto final nas práticas esportivas da Grécia.

                                            Bibliografia.
                                           Enciclopédia Mirador-1975
                                           História de Roma-antiguidades clássicas II-3 edição
                                           Heróis, deuses, super-homens-as grandes conquistas esportivas-de Walter Umminger-1968-S.Paulo
                                          A Grande enciclopédia da Vida-volume: 01-de Douglas Michalany-S.Paulo  
    
 

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