Com a reforma(1517/1525 em diante), os educadores voltaram a enfatizar mais as virtudes do espirito do que a do corpo, mas sem pregar muito o freio aos prazeres do mundo ou a salvação pela igreja apenas. Martin Lutero(1483-1546) estabeleceu métodos de ensino e cursos que deveriam ser ministrados nas escolas, afirmando: "Era sabido e observado pelos antigos que o povo deveria praticar a ginástica para não cair no ócio(preguiça), na lascívia, na gulodice, na intemperança e na jogatina. Entre os passatempos recomendados por Lutero aos jovens, estavam a música e os exercícios físicos. A música, afastaria a angústia e a melancolia do coração, enquanto os exercícios físicos produziriam a elasticidade do corpo e preservaria a saúde". Lutero se esqueceu que a ginástica(conjunto de de exercícios corporais com fins esportivos), não tem poder de evitar que os indivíduos caiam nos pecados da preguiça, sensualidade, desmoderação, comilança e jogatina. Só a fé e a conversão ao Senhor Jesus Cristo é que nos dá condições de vencermos todas as obras da carne. Os exercícios físicos só servem para a satisfação da carne(Colossenses 2:23).
"Não reine portanto o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obecederdes em suas concupiscências....mas graças a Deus, que tendo sido servos do pecado, obedecerdes de coração a forma de doutrina a que fostes entregues".(Romanos 6:12 e 17).
"Não erreis: nem os devassos(lascivos), nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas(homossexuais), nem os ladrões, em os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus".(I Corintios 6:10-11).
"Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: ....lascívia(desejo sexual ilícito)...bebedice, glutonarias e coisas semelhantes....que os que tais coisas coisas cometem não herdarão o reino de Deus".(Gálatas 5:19-21).
Os humanistas realistas dos séc. XVI e XVII, mesmo opondo-se ao estilo grego e do latim e a imitação de outros padrões da antiguidade clássica, defenderam a prática de exercícios físicos como fator de educação. O poeta inglês John Milton recomendava que o dia dos jovens fosse dividido em três partes principais: 1) Dedicação aos estudos; 2) Aos exercícios; 3) A dieta. Rabelais, como Milton, acreditava, porém, que os exercícios físicos deveriam fazer parte da educação mais ou menos nos moldes da antiga cavalaria: um complemento a formação moral dos nobres. Aconselhava, assim, a prática, apenas de esportes não violentos. Montaigne(filósofo francês do Renascimento) também escreveu sobre a educação dos jovens, ressaltando que ...."os exercícios e recreações, a corrida, a luta, a dança, a caça, a equitação e a esgrima devem fazer parte dos seus estudos".
Thomas Arnold criou o método inglês de educação física desenvolvido nas escolas, formando o esporte de equipe, a partir do Rugby, nome dado em homenagem a Escola de que foi diretor e que tinha esse nome. A partir do rugby, desenvolveram-se outros jogos de equipe, como o futebol, o cricket, o hockey, o rowing, que foram, na verdade, adaptações dos velhos jogos.
A sistematização dos jogos populares, a readaptação das antigas provas atléticas, a codificação da esportes antes ligados aos exercícios militares(esgrima, equitação, arco e flecha), a difusão da ginástica e a criação de outras formas de competição, tudo isso pelos ingleses, deram origem ao esporte moderno. Em outros países, o exemplo foi imitado ou através da sistematização de esportes nacionais ou pela simples adoção dos que os ingleses já haviam sistematizado.
Outro grande estudioso da civilização grega, chamava-se Pierre de Fredy, Barão de Coubertin(1863-1937). Educador e filantropo francês, tornou-se o renovador dos jogos praticados na antiga Grécia. Amante dos esportes e admirador dos métodos adotados por Thomas Arnold, na Inglaterra, Coubertin, em 1872, numa sessão solene realizada na Sorbonne, em Paris, apresentou um projeto para que fossem recriados os jogos Olímpicos(antiga tradição grega), extintos pelo Imperador Teodósio I, O Grande, devido a sua conversão à Jesus Cristo, em 393. Seu objetivo era um movimento internacional, o Olimpismo, que visava o estreitamento de relações entre os povos através do esporte. A proposta tinha também, fins pedagógicos: ...."Formar o caráter dos jovens pela prática esportiva, despertando-lhes o senso de disciplina, o domínio de si mesmo, o espirito de equipe e a disposição de competir". Mas a idéia só se concretizou em 1894, a partir de um congresso realizado também em Sorbonne. Desta vez, foi apoiado pelo americano Willian Sloane e pelo inglês Charles Herbert e contando com a presença de representantes de 15 países. Foi criado o Comitê Olímpico Internacional(COI), organismo que até hoje controla todo o mundo olímpico. Com sede em Lausanne, Suíça, estabeleceram-se as normas para a realização dos primeiros jogos em 1896, em Atenas(Grécia): a primeira Olimpíada da Era Moderna, após 16 séculos de paralização. Desde então, passaram a ser praticados com regularidade, tendo por sede grandes capitais do mundo. Os jogos olímpicos modernos são uma nova versão dos festivais esportivos que os gregos realizavam, de 4 em 4 anos, na antiga Elida, em honra ao deus Zeus.
Durante a segunda metade do séc.XIX, com a unificação das regras de diferentes esportes, a sua internacionalização foi progressiva, de tal forma que, em 1896, quando os jogos olímpicos foram revividos por iniciativa do Barão de Coubertin, não havia um só pais, em toda a Europa, em que o esporte não fosse praticado regularmente. Pouco a pouco, o que era de acordo com os princípios de Arnold e os próprios ideais de Coubertin, uma atividade da nobreza ou da classe média, popularizou-se. Vários esportes, como o futebol, o golfe, o boxe, o tênis, o basquetebol profissionalizaram-se. Estádios, reunindo em torno de um espetáculo esportivo milhares de pessoas, foram erguidos em muitas cidades.
O primeiro programa olímpico de atletismo deu-se em 1896, na Grécia. Uma prova especial, a Maratona, foi organizada pretendendo recordar a façanha de Fidípides, soldado ateniense que correu da cidade de Maratona, parte da Grécia, até Atenas, para anunciar aos gregos a vitória do general Milcíades sobre os persas, em 490 a.C. A maratona olímpica, que acabou se convertendo numa das provas clássicas dos jogos olímpicos modernos, foi percorrido num percurso de 42 km , aproximadamente a mesma distância cumprida por Fidipides. Este soldado esgotado pelo esforço físico, morreu as portas da cidade. As baixas dos persas elevaram-se a 6400 soldados mortos e a dos atenienses apenas 192 soldados. Em honra a este soldado estas corridas passaram a se chamar "Maratonas".
O Barão de Coubertin tinha o desejo de que quando falecesse, o seu coração fosse retirado do peito e enterrado na Elida(Olímpia-Grécia), provando o grande amor que tinha por esta cidade, onde eram praticados os antigos jogos olímpicos. O seu desejo foi cumprido em 1937, ano do seu falecimento.
O rei James I, da Inglaterra, no ano 1617(séc.XVII), criou a palavra inglesa "Sport"(esporte) para substituir o termo "Jogo", usado pelo paganismo greco-romano da antiguidade, evitando assim, lembrar as competições pagãs exercidas por estas civilizações aos seus diversos deuses(ídolos). Obs: Até parece que mudando o nome, estas competições deixarão de ser as mesmas realizadas pelos antigos idólatras.
Em 1896, em Atenas, o atletismo destacou-se como principal esporte, sendo realizado 12 provas, entre corridas, saltos e arremessos. Nessa época, começaram a surgir os "ídolos", como o grego Spyridon Louis. Considerado o primeiro ídolo de uma olimpíada, Louis venceu a maratona acompanhado de seu cachorro Zeus e a ele dedicou a sua vitória, após ser aplaudido e receber, inclusive, uma inusitada proposta de casamento.
Durante a celebração dos jogos olímpicos da antiguidade, em Olímpia, mantinha-se aceso um fogo que ardia enquanto durassem as competições, sendo esta tradição reintroduzida nos jogos olímpicos de verão em 1928. As sacerdotisas da deusa Héstia tinham a função de acender este fogo durante os torneios e quem deixasse apagá-la, poderia ser castigada. Esta tocha era acesa em homenagem ao deus patrono dos jogos -Zeus. Na atualidade, uns meses antes da realização dos jogos modernos, novamente a chama é acesa em Olímpia, em frente as ruínas do templo da deusa Hera(datado do ano 600 a.C.), recriando a tradição usada na antiguidade.
Bibliografia.
Enciclopedia Mirador-1975-volumes 08 e 10
Historia-volume única- de Gislene e Reinaldo-2008-São Paulo
Pequena Enciclopedia de Moral e Civismo- 3 edição-1978- de Fernando Bastos Avila.
Novo Conhecer-Dicionario enciclopedio-Volume 10-1977
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