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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O RETORNO DOS EXTINTOS JOGOS DO PAGANISMO- IV PARTE- O FUTEBOL

     Provavelmente, os romanos levaram a outros países o seu jogo de bola. Na Itália Medieval, apareceu em Florença o 'Calcio', jogado com os pés e as mãos por equipes de 27 jogadores num campo com duas metades iguais. O objetivo do jogo era levar a bola de couro, cheia de ar, até dois postes situados nas extremidades. A violência era muito comum, pois os participantes extravasavam a ânsia de ganhar a todo o custo.
     Há relatos de um esporte muito parecido com o futebol, embora usava muita violência. O "Soule" ou "Harpastum", surgido na Gália(atual França) e depois na Bretanha(atual Inglaterra), era praticado na Idade Média por militares que dividiam-se em duas partes: atacantes e defensores. Era permitido usar socos, pontapés, rasteiras e outros golpes violentos. Há registros que mostram a morte de alguns jogadores durante a partida. Como a disputa terminasse em morte, surgiu a expressão: "violento esporte bretão(inglês)". Cada equipe era formada por 27 jogadores, onde grupos tinham funções diferentes no time: corredores, sacadores e guarda-redes.    
     Eduardo II, o rei que fez publicar o decreto proibindo o futebol na Inglaterra, não foi, contudo, o primeiro a fazê-lo. Seu pai, Eduardo I, também se opusera ao jogo de bola.
     O barulho, a desorganização e a violência eram tão grande que os ataques ao futebol foram passando de pai para filho, de modo que Eduardo III, em 1349, escrevia ao corregedor de Londres reforçando a proibição do pai, pelos mesmos motivos alegados pelo avô. Durante as guerras contra a França, no século XIV, o rei constatara que  "a habilidade do arco e a flecha estava quase totalmente posta de lado, em beneficios de jogos sem utilidade e fora da lei", dos quais o futebol era citado em primeiro lugar. Eduardo III lembrava ao corregedor que a prática de tais jogos estava condenada havia mais de meio século.
     Ricardo II, neto de Eduardo III, não só manteve a  proibição como também estendeu-a a outros jogos, em 1389. Outro neto de Eduardo III, Henrique IV, que deu inicio a dinastia dos Lancaster, promulgou as decisões anteriores, em 1401. Ao mesmo tempo, o futebol sofria forte oposição também na Escócia, onde Jaime I, ao apresentar os seus 27 atos do Parlamento, em 1423, decidia:
     "Por este estatuto, o rei proibi que qualquer homem jogue futebol, sendo a pena uma multa de 50 xelins, a ser paga ao senhor da terra onde ele jogou ou ao corregedor ou a seu ministro...."
     As proibições reais seriam reforçadas de tempos em tempos, até o século XVI, por Henrique VIII e logo em seguida por Eduardo VI e Isabel I, de modo que o futebol na Inglaterra da Idade Média, não passaria de um jogo severamente combatido pelas autoridades.
     Os ataques ao futebol também vinham de nobres Puritanos(Protestantes Calvinistas ingleses). Levantaram uma campanha contra os jogos e exercícios físicos, cujas disputas violentas geravam entre as populações locais e vizinhas, grandes conflitos, resultado da proibição feita pelo rei Eduardo II, em 1314, da pratica do futebol. A idéia do jogador de futebol como um ser desprezível era aceita sem discussões. Em 1583, Philip Stubbs, diplomado por Cambridge e Oxford, no seu livro "The Anatomie of Abuses"(A  anatomia dos abusos), já classificava o futebol como "um jogo bárbaro, que só estimula a cólera, a inimizade, o ódio, a malicia e o rancor".
     Embora em algumas Igrejas Católicas fossem comuns os padres usarem os pátios das paroquias com competições de jogos entre meninos, incluindo o 'ludus pilae', de que fala Fitzstephen, tais práticas eram mantidas atrás dos muros, pois também a igreja católica, em defesa dos bons costumes, condenava o violento esporte que os londrinos foram buscar em Derby.
     Na Itália, além de não ter opositores, o futebol medieval foi entusiasticamente apoiado pela nobreza. Diz a tradição que, em 17/02/1529, estando a cidade de Florença(Itália) cercada pelos exércitos do Príncipe de Orange(sul da França), duas(2) facções políticas, a de Seglio  Antionori(vestida de verde) e a de Dante Cantiglione(vestida de branco), resolveram decidir uma velha rixa num jogo de bola na Piazza Santi Croce. Essa partida era denominada de 'Calcio', termo que os italianos empregavam ao referido futebol. Tal como ocorria nas civilizações greco-romanas, que dedicavam seus jogos de exercícios a uma determinada divindade do paganismo(Zeus, Hércules, Apolo, etc), os italianos da cidade de Florença, dedicam, todos os anos, no dia 24 de junho, o jogo de futebol a São João, padroeiro desta metrópole: reconstituição do torneio em que os jovens florentinos vivem os papéis dos homens de Antinori e Cantiglione do seculo XVI(1529).
     Apesar de todas as proibições na Inglaterra, o jogo de futebol não conseguiu ser extinto, pois integrantes da nobreza criaram uma nova  versão dele com regras que não permitiam a violência. Nesta nova adaptação, cerca de 12 juizes deveriam fazer cumprir as novas regras do jogo.
                                   
                                              Bibliografia.
                                             Enciclopedia Mirador-1975- volume 10
                                             Wickpedia-educação física/futebol
                                             wickpedia: Historia do futebol

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